Ilha Terceira (Açores)

Embrenhamos pelo nevoeiro em busca do desconhecido, quando de repente surge uma manada de vacas holandesas a ocuparem integralmente a estrada. Não sabemos bem como, mas em poucos segundos, tínhamos ficado no meio de uma manada com mais de duzentas vacas. Foi assim que descobrimos como é a “hora de ponta” da Terceira e foi também assim a receção da ilha, que esconde uma paisagem vulcânica repleta de locais deslumbrantes. A paisagem é de contrastes entre a natureza e o admirável trabalho do homem, executado no centro histórico da capital Angra do Heroísmo, reconhecida como Património Mundial pela UNESCO. A ilha festiva, assim também metaforicamente designada, é cada vez mais um dos principais destinos turísticos para quem visita os Açores. Vamos dar-te algumas dicas e curiosidades e ainda contar-te o que conhecemos e o que andámos a fazer por aqui. Vamos a isso?

Situação Geográfica da Terceira

Como o próprio nome indica, a ilha Terceira foi a terceira ilha a ser formada, depois de Santa Maria e de São Miguel. Localizada no extremo oriental do grupo central, em conjunto com a Graciosa, Pico, São Jorge e Faial, a ilha Terceira é, em dimensão, a terceira maior de todo o arquipélago e as principais localidades são a capital Angra do Heroísmo e a Praia da Vitória. O ponto mais alto da ilha é a Serra de Santa Bárbara, no lado oeste. Visitar a Terceira, à semelhança de outras ilhas do arquipélago, é conhecer o importante património geológico ao nível científicico, pedagógico e turístico.

Como chegar à Terceira

A ilha Terceira é uma das principais portas de entrada dos Açores. Chegámos à Terceira pela manhã por via aérea, a partir da ilha de São Miguel e depois de termos estado na ilha de Santa Maria. Sim, a via aérea é a forma mais comum de chegar à Terceira, sendo que é das poucas ilhas do arquipélago que recebe voos diretos provenientes de Portugal continental. Mas também é possível fazê-lo por via marítima. Disponibilizamos mais informação sobre este tema no artigo “AÇORES, contamos como preparámos a nossa viagem“.

Transporte

Depois do desembarque e de demonstrarmos o cumprimento de todos os requisitos inerentes à pandemia, “saltámos” para o exterior. À nossa espera estava o pai de um amigo que amavelmente nos cedeu um carro para nos deslocarmos na ilha. Sim, o carro é o meio de transporte mais indicado também nesta ilha. Podes ler mais informação sobre este tema aqui. Foi também aí que tivemos o contacto mais “efusivo” com o sotaque açoriano, ou melhor, eu própria o tive! Momentos divertidos que recordamos com saudade e carinho.

Alojamento

Ficámos alojados num hostel, localizado na Praia da Vitória e a poucos metros da praia. Disponibilizamos mais informação sobre o alojamento aqui.

O nosso roteiro

E agora apresentamos-te finalmente o nosso roteiro de três dias pela ilha da Terceira! Montámos um pequeno roteiro que começa na Praia da Vitória, localizada na costa este, contorna a ilha pela costa norte e culmina na costa sul. À semelhança de outros roteiros, este também foi sendo ajustado por nós conforme as condições climatéricas que se faziam sentir nesses momentos. Lembramos que nos Açores, é possível passar pelas quatro estações num “abrir e fechar de olhos”!

  1. Praia da Vitória
  2. Miradouro do Pico Matias Simão ou Miradouro dos Altares
  3. Piscinas naturais de Biscoitos
  4. Algar do Carvão
  5. Gruta do Natal e Lagoa do Negro
  6. Furnas do Enxofre
  7. Reserva Florestal de Recreio da Lagoa das Patas
  8. Serra de Santa Bárbara
  9. Queijo Vaquinha, o queijo mais antigo da ilha (Nossa Senhora do Pilar)
  10. Zona Balnear das Cinco Ribeiras
  11. Zona Balnear do Negrito
  12. Angra do Heroísmo
  13. Monte Brasil
  14. Ilhéus das Cabras
  15. Miradouro da Ponta dos Coelhos
  16. Vulcão dos Cinco Picos e o Miradouro da Serra do Cume
  17. Piscinas Naturais de Porto Martins
  18. Outros “segredos” da Terceira
  19. Gastronomia
  20. Festividades
Fotografia de “Azores Guide

1.Praia da Vitória

A simpática Praia da Vitória é uma das principais cidades da Terceira e encontra-se a pouquíssimos quilómetros do aeroporto das Lajes. E o que podemos fazer por aqui?

No Miradouro do Facho, podes deslumbrar-te com a belíssima paisagem sobre a cidade da Praia da Vitória e, ao fundo, a emblemática Serra do Cume.

Fotografia de “Portugal Travel Guide

As ruas pedonais da Praia da Vitória oferecem passeios bastante agradáveis, onde podemos contemplar a história, as tradições e os monumentos da cidade e da ilha. Vagueámos pela ruelas da cidade e fomos descobrindo pequenos tesouros.

A Igreja de Santa Cruz, fundada em 1456, restaurada em 1810 e posteriormente após o terramoto de 1 Janeiro de 1980 é outro local de visita. No exterior sobressai a mistura de estilos gótico e manuelino e no interior o altar em talha de ouro. Vale a pena a visita e, se ainda tiveres oportunidade, sobe uma das torres sineiras e contempla a bonita paisagem sobre a cidade e a baía. Tivemos a sorte de termos tido um guia local que se encontrava no interior da igreja e simpáticamente nos foi explicando a história desde belo monumento e que ainda nos levou a uma das torres sineiras.

E se gostas de praia, não vais querer perder a fantástica praia aqui existente. Situada na baía da Praia da Vitória, a Praia Grande possui o mais longo areal da Terceira. Apesar de estar num ponto central da cidade, é suficientemente grande para passar um agradável dia em família e está bem equipada com infraestruturas de apoio, como bares, restaurantes, cafés e lojas.

2.Miradouro do Pico Matias Simão ou Miradouro dos Altares

O miradouro do Pico Matias Simão ou miradouro dos Altares está localizado na freguesia dos Altares. Este miradouro oferece uma vista formidável sobre uma boa parte do litoral norte da ilha Terceira. Em dias solarengos, o miradouro permite avistar a Ilha Graciosa, a freguesia dos Altares e o seu casario branco envolvido pelo esverdeado dos campos recortados e a encosta da Serra de Santa Bárbara.

Para chegar ao miradouro é necessário atravessar a freguesia dos Altares e percorrer uma estrada em cascalho laranja. Ao fundo vais encontrar uma pequena colina. Tens de estacionar o carro junto à base da colina e subir a pé o estreito caminho até ao topo. Com sorte, ainda consegues avistar uns amiguitos selvagens, como coelhos ou pássaros que cantam como se “não houvesse amanhã”.

3.Piscinas naturais de Biscoitos

As bonitas piscinas naturais de Biscoitos estão localizadas na costa nordeste da ilha. Biscoitos é conhecida pela forte produção vinícola, mas são estas piscinas naturais a referência na região e na ilha Terceira. As piscinas estão envoltas por rochas de recortes únicos. Foram formadas pelas escoadas lávicas que, ao entrarem em contacto com a água do mar, deram origem às presentes formações rochosas. Com o tempo, foram sendo moldadas pela erosão marítima, acabando por dar então origem a estas fabulosas piscinas. O facto da rocha ser de cor escura contrasta deliciosamente com o azul do Oceano Atlântico, permitindo disfrutar de paisagens muito bonitas e ao mesmo tempo, de agradáveis momentos de lazer. Nos arredores existem excelente meios de suporte, como WC e chuveiros, bar, estacionamento bastante amplo, além de serem vigiadas durante o período balnear. Consegues imaginar o final do dia aqui?

4.Algar do Carvão

O Algar do Carvão localiza-se na freguesia do Porto Judeu, no concelho de Angra do Heroísmo, bem no centro da ilha Terceira. Faz parte do maciço de Guilherme Moniz – Pico Alto e trata-se de uma chaminé vulcânica com noventa metros de profundidade, que não chegou a colapsar completamente aquando do recuo da lava.

Como diz Paulo Rolão no seu artigo à National Geographic, “visitar o interior de um vulcão é uma experiência que deve ser feita uma vez na vida”. É um mergulho nas profundezas da terra e é inevitavelmente uma experiência única.

Assim que entramos na cratera deste vulcão extinto, a imaginação começa a funcionar e inevitavelmente é transportada para o que haveria ocorrido ali à uns belos milhares de anos. Mas não te preocupes pois não necessitas de fazer muito esforço: assim que entrámos no Algar do Carvão irrompemos num túnel inclinado que nos levou à cratera. De imediato acercou-se de nós um guia que nos guiou pelas concavidades e vias lávicas acessíveis. As paredes da cratera atraem toda a nossa atenção, não sendo difícil ficarmos agradavelmente surpreendidos com as galerias que foram formadas pela força da natureza.

Ao subir de volta, reparámos na abertura natural que nos escapou na descida: era a boca da cratera do vulcão por onde, em tempos, saiu uma violenta torrente de magma. Hoje mantém-se aberta, permite ver o céu e é capaz de iluminar facilmente o interior da cratera. É uma imagem extraordinariamente bonita.

No Algar do Carvão os acessos são fáceis. Visitámos o Algar do Carvão em simultâneo com a Gruta do Natal e a Lagoa do Negro. Os dois primeiros são pagos e é possível visitar/comprar um bilhete em conjunto ou separado. Nós preferimos o bilhete combinado e pagámos cerca de doze euros por pessoa. Podemos comprar os bilhetes no local ou fazer reserva caso sejam grupos muito grandes. É possível encontrar mais informação no site oficial (ver aqui).

5.Gruta do Natal e Lagoa do Negro

A cerca de seis quilómetros do Algar do Carvão encontra-se a Gruta do Natal e, mesmo lá ao lado, a Lagoa do Negro. À semelhança do Algar do Carvão, faz igualmente parte do maciço Guilherme Moniz – Pico Alto.

A Gruta do Natal é mais um exemplo da atividade vulcânica na ilha e trata-se de uma gruta com uma galeria de tubos lávicos, formados a partir de gases vulcânicos.

Quando entrámos, entregaram capacetes para a cabeça e percebemos que estava prestes a começar mais uma extraordinária experiência. Foi mesmo: a Gruta do Natal, é um autêntico labirinto moldado, como um rio por onde o magma tomou várias direções. Formou vários túneis, ramificações, muitas ainda em estudo e muitas também sem qualquer alteração. É um belo local para admirar estalactites e estalagmites de lava, além de podermos caminhar sobre lava solidificada. E acertar com a cabeça numa delas também…

A Lagoa do Negro está precisamente de frente à saída da Gruta do Natal. Como a nossa visita decorreu no mês de Agosto (época mais quente na região) a lagoa estava praticamente seca e quase sem água. Por isso, não podemos comprovar a beleza deste local. Fica a sugestão.

Neste mesmo local inicia-se mais um trilho pedestre de referência: é o PRC1TER Mistérios Negros e desenvolve-se pela Reserva Natural da Serra de Santa Bárbara e dos Mistérios Negros. Trata-se de uma rota circular, com extensão de cerca de cinco quilómetros, duração de duas horas e meia e de elevada dificuldade. Deixamos aqui o link para mais informação.

6.Furnas do Enxofre

As Furnas do Enxofre situam-se no concelho de Angra do Heroísmo, bem no centro da ilha e pertíssimo do Algar do Carvão. As Furnas do Enxofre são o resultado da atividade do vulcão que, apesar de adormecido, são a representação da sua atividade.

Depois de visitarmos o Algar do Cravão, entrámos no pequeno circuito, construído para permitir a visita segura e proteger a integridade do local. É possivel observar as fumarolas, sentir o odor intenso a enxofre e o calor provenientes do interior da terra.

Além deste pequeno circuito existe também uma pequena rota circular, com aproximadamente sete quilómetros e uma duração de duas horas e meia, onde é possível explorar um pouco mais sobre esta temática. Trata-se do PRC10TERAlgar do Carvão e Furnas de Enxofre e podes encontrar mais informação aqui.

7.Reserva Florestal de Recreio da Lagoa das Patas

De seguida partimos em direção da Lagoa das Patas. Sim, bem pertinho das Furnas, da Lagoa do Negro e da Gruta do Natal, está a Reserva Florestal de Recreio da Lagoa das Patas ou simplesmente Lagoa das Patas. O seu nome deve-se essencialmente a uma belíssima lagoa artificial, alimentada pela água das chuvas proveniente da Serra de Santa Bárbara. Por estar localizada numa altitude mais elevada, justifica o frequente nevoeiro, a calma e o silêncio. Aproveitámos para parar um bocadinho e descansar nestes belíssimos jardins, com espaço suficiente para desfrutar de um dia em família. A lagoa está envolvida por azáleas, hortênsias e outros arvoredos. Os animais que por ali circulam compõe o quadro final.

8.Serra de Santa Bárbara

A Serra de Santa Bárbara e dos Mistérios Negros é o ponto mais alto e uma das zonas mais húmidas de toda a ilha. Mas é preciso consultar a meteorologia, isto porque geralmente esta zona está encoberta pela nuvens. Nas várias ocasiões que estivemos nesta zona foi de passagem para outros locais. Não conseguimos vislumbrar a paisagem completamente limpa, mas temos informação de que a paisagem é de “cortar a respiração”, podendo ser possível avistar a costa e o mar, além de que é uma das zonas mais selvagens e intocadas de toda a ilha.

Lá bem perto está também o Centro de Interpretação da Serra de Santa Bárbara onde é possível conhecer um pouco mais sobre “o processo de formação e evolução geomorfológica da ilha e a sua relação com as áreas de elevado interesse em termos de bio e geodiversidade existentes”. Deixamos aqui o link para mais informação.

De recordar que existe o percurso pedestre PRC1TER Mistérios Negros, que se desenvolve na reserva natural da Serra de Santa Bárbara e dos Mistérios Negros e que já tivemos oportunidade de abordar no ponto 5 (Gruta do Natal e Lagoa do Negro) deste mesmo artigo.

9.Queijo Vaquinha, o queijo mais antigo da ilha (Nossa Senhora do Pilar)

Vai uma pausa para um petisco? Pois bem, em Santa Barbara ou mais precisamente na freguesia das Cinco Ribeiras encontrámos este fabuloso espaço. Parámos um bocadinho e fizemos um pequeno “tour” de degustação de queijos que foram acompanhados por uma série de outras iguarias da região, como o pão lêvedo ou o mel. Estes queijos são de fabrico totalmente artesanal que começa pela mão do senhor João Cota, que trata da pasteurização do leite, e termina nas mãos da sua esposa e da sua cunhada. É possível encontrar mais informação no site oficial do Queijo Vaquinha (ver aqui).

10.Zona Balnear das Cinco Ribeiras

A paragem seguinte foi na freguesia das Cinco Ribeiras, mais precisamente na zona balnear das Cinco Ribeiras, onde em tempos foi um porto. Aproveitando os afloramentos rochosos e a pequena baía na base da arriba, existem pequenas piscinas naturais e foram ainda melhoradas as condições de acesso ao mar. Existem outras infraestruturas de suporte, como balneários e um parque de campismo nas redondezas. É um local muito procurado para fazer mergulho e o enquadramento paisagístico fala por si.

11.Zona Balnear do Negrito

A zona balnear do Negrito localiza-se na freguesia de São Mateus da Calheta, a cerca de seis quilómetros de Angra do Heroísmo. Estacionámos o carro, “saltámos” para o exterior e percorremos o passeio que envolve a pequena baía, com fundo plano e de costa relativamente baixa. Adorámos este espaço que é formidável para uns belos mergulhos! Não falta espaço para relaxar e apanhar sol. É um local vigiado, oferece vários acessos ao mar, bar e ainda alguns equipamentos recreativos para crianças.

12.Angra do Heroísmo

Angra do Heroísmo é a sede de concelho e merece uma paragem bem prolongada. A história associada aos Descobrimentos e o património construído ao longo dos vários séculos levaram a que o centro histórico fosse classificado Património Mundial pela UNESCO. O contraste das construções de pedra escura envolvida pela natureza exuberante enaltecem a beleza da cidade.

Quem visita a ilha Terceira não pode deixar de visitar alguns pontos emblemáticos da cidade. Começámos na zona superior e, a pé, “rodopiámos” pela cidade até à Alfândega. Subimos ao Jardim Duque da Terceira, mais precisamente onde está implantado o memorial a D.Pedro IV (um obelisco amarelo). Daqui é possível observar a belíssima cidade de Angra do Heroísmo e, ao fundo, a península de Monte Brasil. É uma zona que oferece uma paisagem formidável sobre a cidade.

Vagueámos pelo jardim que oferece uma variedade enorme de espécies botânicas, lagos e pequenos cursos de água. Atravessámo-lo devagarinho e seguimos em direção à pequena avenida de sentido único que nos levou à Praça Velha. A Praça Velha é onde estão localizados os Paços do Concelho e é uma das praças mais antigas de Portugal.

Percorremos a avenida principal até chegarmos à Sé Catedral de Angra do Heroísmo. A imponente igreja é dedicada ao Santíssimo Salvador da Sé e é considerada o maior templo do arquipélago.

Continuámos a vaguear no quadriculado que são as ruas da cidade, mas aviso já que não é difícil “perdermos o norte”! As ruas são coloridas, quer pelas casas geralmente brancas e com beirais coloridos, quer pelas flores que estrategicamente fazem a ornamentação das casas e das ruas. É possível que, do nada, surja uma pequena surpresa: encontrámos uma mercearia tradicional, bem à anos sessenta ou setenta, onde todos os produtos são criteriosamente selecionados e onde o ambiente é carinhosamente tão familiar. Ficámos deslumbrados pois pensámos que este tipo de comércio já teria sido extinto.

Seguimos a nossa pequena rota pela cidade de Angra do Heroísmo até que chegámos ao cais da Alfândega onde está implantada a belíssima Igreja da Misericórdia, pintada de azul e branco. Seguimos viagem, contornando a baía de Angra do Heroísmo e eis que chegámos ao Forte de São Sebastião.

13.Monte Brasil

O Monte Brasil é mais uma imagem de marca da ilha Terceira e de Angra do Heroísmo. É rodeado pela Fortaleza de São João Baptista e é visível logo no início do percurso até ao topo. É o maior cone dos Açores e foi formado apartir de uma erupção vulcânica com origem submarina de natureza basáltica.

Tem quatro picos: Pico do Facho (na fotografia abaixo é o pico mais à esquerda), Pico das Cruzinhas (ao centro), Pico do Zimbreiro (à direita) e o Pico da Quebrada (do lado oposto ao Pico do Zimbreiro e por isso não visível nesta fotografia). Este ultimo pico existe também um miradouro onde em tempos ocorria a Vigia da Baleia. Ao centro está a caldeira.

O Monte Brasil forma duas baías: a Baía de Angra do Heroísmo, a leste, e a Baía do Fanal, a oeste. O Monte Brasil pode ser explorado a pé, por exemplo pelo trilho circular PRC4TER – Monte Brasil, de cerca de sete quilómetros, com uma duração de duas horas e meia e nível de dificuldade média. Podemos encontrar mais informação sobre este trilho aqui.

Subimos ao topo do Monte Brasil de carro e estacionámos perto do Pico das Cruzinhas. A vista a partir daqui é imperdível: contemplamos uma formidável panorâmica sobre toda a cidade de Angra do Heroísmo. Além disso, encontrámos pequenos grandes miminhos por aqui! Vale a pena dedicar um bom tempo a explorar a Reserva Florestal de Recreio do Monte Brasil.

14.Ilhéus das Cabras

Andámos um bocadinho mais para este e chegámos a Feteira. Apesar de ser uma freguesia simpática não é propriamente dela que queremos falar, mas sim de dois ilhéus, os maiores da ilha Terceira. Chamam-se Ilhéus das Cabras e encontram-se sensivelmente a um quilómetro da costa. Para os podermos observar existem alguns pontos de referência, como o Miradouro da Cruz do Canário ou o Miradouro da Laginha (fotografia abaixo), em Feteira.

A sua formação remonta a violentas erupções vulcânicas com origem submarina, semelhante ao que deu origem ao Monte Brasil ou ao Capelinhos (na ilha do Faial). O ilhéu inicial acabou por ser dividido em dois devido aos movimentos da falha ativa e pela atividade erosiva do mar. É neste momento uma importante Zona de Proteção Especial devido à vida animal que lá habita, como o cagarro, o garajau entre muitas outras espécies.

15.Miradouro da Ponta dos Coelhos

Ainda na encosta sul da ilha, em Porto Judeu, existe o Miradouro da Ponta dos Coelhos e é resultado de uma escoada lávica proveniente de uma erupção do Algar do Carvão. A descida até lá é bastante acentuada, mas nem isso nos fez voltar para trás e compensou largamente a aventura. O miradouro é muito bonito e oferece vistas panorâmicas sobre o mar, uma boa parte da costa e ainda, ao longe, o Ilhéu das Cabras.


16.Vulcão dos Cinco Picos e o Miradouro da Serra do Cume

Consegues ver na fotografia abaixo a caldeira de um vulcão? Pois bem, é isso mesmo, é de facto de ficar de queixo caído! Aqui outrora existiu um vulcão de grandes dimensões, o Vulcão dos Cinco Picos. O que sucedeu aqui foi simplesmente o desabamento parcial, em consequência da ação tectónica, da cratera deste vulcão, formando posteriormente esta gigantesca caldeira, a Caldeira dos Cinco Picos com cerca de sete quilómetros de diâmetro.

E queres saber de onde podemos contemplar esta extraordinária paisagem? Isso mesmo: no Miradouro da Serra do Cume, uma das paisagens mais bonitas de todo o arquipélago dos Açores!

Difícil mesmo será conseguir estar no local sem confusão de turistas e ao mesmo tempo com boas condições meteorológicas. Mas, na realidade, nós conseguimos! Já tínhamos subido à Serra do Cume uma vez, mas lamentavelmente, quando lá chegámos a serra estava carregada de nuvens e chovia. No dia seguinte e quando já se aproximava a hora do almoço, começámos a observar que o céu na Serra do Cume começava a ficar limpo. Em Santa Maria (ver aqui a nossa viagem) tínhamos verificado algo semelhante e esta situação estava a verificar-se uma vez mais, mas desta vez na ilha Terceira. E, sem perder tempo, acorremos ao topo da serra para tentarmos a “nossa sorte”. Quando lá chegámos, partia um autocarro de turistas e acabávamos de ficar com o miradouro em exclusivo para nós.

E et voilá, o que obtivemos: uma paisagem deslumbrante! O vento empurra as nuvens a uma velocidade estonteante capaz de criar um efeito absolutamente arrebatador nesta enorme manta de retalhos verdes, incrivelmente desenhados pela mão humana. É muito difícil de descrever e nem as melhores fotografias ou a melhor edição de vídeo poderá descrever a beleza deste local! Guardamos no coração aquilo que os nossos olhos viram e as sensações que dali absorvemos. Recordamos com grande intensidade e, a muito custo, seguimos viagem.

17.Piscinas Naturais de Porto Martins

Situadas na costa este da ilha, as piscinas naturais de Porto Martins são um fabuloso complexo de diversas piscinas naturais. Estacionámos o carro no Porto do Sr. Guilherme e iniciámos aquela que pensámos ser uma curta caminhada até às piscinas. Na realidade, revelou-se uma agradável surpresa: existe um extraordinário passeio pedonal ao longo da costa que vai desde o Porto do Sr. Guilherme, passa nas piscinas naturais e chega, pelo menos, ao Porto de São Fernando (não continuámos, por isso não podemos precisar). Já o fabuloso complexo está dotado de adequadas infraestruturas de apoio, como bar, restaurante, WC e vigilância para proporcionar um excelente dia em família.

18. Outros “segredos” da Terceira

Deambular pelas encostas isoladas foi talvez a melhor experiência que tivemos enquanto aqui estivemos. Muitas vezes sem querer, mas é verdade que para descobrir as pequenas surpresas, tivemos muitas vezes que sair das principais ruas. De repente encostávamos o carro, saltávamos para o exterior e vivíamos o que por ali se estava a passar naquele instante…

Cruzámo-nos por gigantes manadas de vacas que ou seguiam para a vacaria ou mudavam de pastagens. Era inevitável a vontade de querer parar e ficar a observar a fila de vacas que parecia não ter fim. Os habitantes irrompiam “manada a dentro”, muitas vezes irritados e a buzinar, para nós e para as vacas. Nós ficávamos ali a observar ou até em alguns casos a dar uma “mãozinha” ao agricultor.

Percorremos a manta de retalhos da maior caldeira dos Açores, enquanto nos dirigíamos para a Serra do Cume, uma vez mais fora da via principal. É nesta grande caldeira, com um diâmetro de cerca de sete quilômetros, que se encontram cinco cones vulcânicos secundários e por isso o nome “Cinco Picos”. No interior existem grandes terrenos com características muito especiais que permitem o cultivo agrícola de grande qualidade. Estes terrenos estão divididos por pequenos muros de pedra vulcânica escura, “decorados” pelas hortênsias que, do topo, o vislumbre é uma deslumbrante manta verde retalhada!

Andar! Simplesmente circular pelas ruas da Terceira. Numa destas “árduas” tarefas, avistámos mais um campo verde sarapintado com uns “pontos negros” de pequena dimensão. De imediato, não percebemos do que se tratava. Parámos o carro na berma da estrada e saímos. Começámos a observar com mais atenção e ao mesmo tempo a escutar os sons da natureza que nos rodeava e que se dispersavam na encosta. Entre o vento que cortava a montanha, escutávamos o mugir dos bois que circulavam na encosta verde. Surpreendidos e, ao mesmo tempo, rendidos ainda ficámos ali uns minutos a observar aqueles animais de envergadura consideravelmente respeitosa.

19.Gastronomia

Quem nos conhece sabe que, em viagem, não dispensamos nem muito tempo e muito menos muito dinheiro com a alimentação. Procuramos o equilíbrio, mas naturalmente não partimos sem provar as iguarias locais.

A Terceira também não foi exceção. A Alcatra é talvez o prato mais típico da Terceira e pode encontrar-se na maioria dos restaurante. Apesar de não termos tido oportunidade de provar e, por isso estar em dívida o regresso para degustar esta iguaria (e uma bela jantarada com os nossos amigos da Terceira que, devido à pandemia, ficou em dívida), indicamos mesmo assim o restaurante a “Caneta“. E para quem não dispensa um ótimo peixe fresco ou uma bela mariscada, sem esquecer as típicas cracas ou lapas, junto ao Aeroporto das Lajes e relativamente perto do Miradouro Delgado, existe o restaurante “Sabores do Atlântico“. O restaurante “Beira Mar São Mateus” também pode ser uma boa opção. Para petiscar não é possível esquecer a linguiça, a morcela, o molho de fígado ou os torresmos de cabinho, “Ti Choa“. Ao nível da doçaria, não podem faltar as “Queijadas da D. Amélia”, à base de noz e de noz moscada, ou “Doce de Vinagre”, que é à base de açúcar, leite, ovos e ervas doces sem naturalmente esquecer a “pitada” de vinagre. A maioria destes doces estão disponíveis em qualquer lado. Existem também os “Gelados Quinta dos Açores” produzidos com leite e natas açorianos, que podem ser encontrados na “Quinta dos Açores“. Também não podemos esquecer os Queijos da Vaquinha, do qual já falámos acima, como também da Cerveja Artesanal Brianda, do Vinho Verdelho ou do famoso sumo Kima, conhecidos por todo o arquipélago.

20.Festividades

No que diz respeito a festa, não há ilha como a Terceira. Lembras-te de como começou este artigo? “A ilha festiva”… Pois é, é assim que esta ilha é conhecida pois há quase sempre o que fazer e fazem questão de preservar e valorizar a arte de bem-receber.

As Festas do Espírito Santo são uma das mais emblemáticas em todo o arquipélago e ocorrem entre o domingo de Páscoa e o domingo da Trindade. As Danças de Carnaval, no período do Entrudo. As Sanjoaninas, festas dedicadas ao São João, que ocupam as ruas de Angra do Heroísmo durante dez dias do mês de Junho. Em Setembro são as Festas da Vinha e do Vinho. E entre 1 de Maio e 15 de Outubro ocorrem as ancestrais Touradas à Corda. Entre outras, muitas outras festividades.

Guardamos com carinho mais esta viagem na nossa lista, ainda por cima porque temos amigos por lá e queremos muito regressar para os rever e aproveitar também para repetir muitas coisas que fizemos e tantas, tantas outras que não tivemos oportunidade de fazer.

E tu? Já tens a bagagem pronta para a Terceira? Do que estás à espera? Vamos!

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E já agora: sabes qual foi a ilha seguinte?

A maravilhosa Ilha do Faial: Já podes ver o artigo aqui!

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