Banguecoque

A viagem foi no início de Agosto de 2016 e no decorrer das nossas férias de verão. Procurávamos, uma vez mais, um destino diversificado para explorar a cultura própria desse destino, onde a praia também pudesse fazer parte do “menu”. Entre as várias hipóteses, surgiu a Tailândia, mais concretamente a capital Banguecoque e as ilhas Phi Phi. Este artigo será sobre a capital, prometendo desde já que o próximo artigo será sobre as formidáveis ilhas Phi Phi.

Era terça-feira e, ainda de madrugada, apanhámos um comboio intercidades em Aveiro com destino a Lisboa. Já em Lisboa, entrámos num taxi que nos levou ao aeroporto. O voo foi às 14h15, com escala de 2h no Dubai, seguindo posteriormente para Banguecoque. No total, foram 14 horas e 20 minutos de voo. Às 12h30 chegámos a Banguecoque, 6h30 em Portugal, portanto menos 6 horas.

A Tailândia é um país tropical, localizado no continente Asiático, a sul da China. Faz fronteira com o Camboja, Malásia, Laos e Myanmar e é banhado pelo oceano índico. As ilhas Phi Phi são também banhadas pelo oceano índico, mais precisamente pelo mar Andamão.

Uma vez mais, a humidade, o calor e o cheiro da cidade são características que tão cedo não irei esquecer. O cheiro era intenso e pesado, semelhante ao gasóleo que, confesso, ter-me incomodado um pouco durante os 3 dias que estivemos na capital. Já partilhei com algumas pessoas que também já estiveram em Banguecoque e, talvez por terem visitado a cidade numa época diferente, não têm a mesma opinião. Ainda bem, porque apesar disso, adorei a naturalidade que é a agitação e o caos da cidade.

As horas seguintes foram para apanhar o transfer até ao hotel, fazer o check in e sair para almoçar. Os rececionistas disponibilizaram-nos um mapa da cidade e recebemos as primeiras instruções de segurança, comunicação e deslocação. Decidimos sair a pé, aproveitando para conhecer a vizinhança do hotel e procurar uma casa de câmbio. Como não conhecíamos o local, não arriscámos levar grande coisa connosco, apenas o dinheiro que considerámos ser minimamente necessário, a máquina fotográfica e o passaporte para o câmbio. Almoçámos num restaurante/bar relativamente pequeno mas bastante simpático, onde aproveitámos para pedir mais alguns conselhos e informações. Rapidamente percebemos que, em termos de segurança, não havia nada a temer, ou seja, deveríamos de ter os mesmos cuidados como em qualquer grande cidade.

Restabelecida a energia e encontrada a casa de câmbio, seguimos então para um passeio a pé. Devemos de ter percorrido cerca de 6 km, mas o suficiente para ter a perceção do que viríamos a confirmar nos dias seguintes: uma cidade que não dorme e onde o Budismo está profundamente enraizado.

Estávamos esgotadíssimos e o dia seguinte impunha frescura física e psicológica, para fazer a rota dos principais templos Budistas de Banguecoque. Era hora de descansar, afinal de contas estávamos acordados à cerca de 30 horas.

O dia seguinte começou cedo. Às 8h já estávamos de saída e prontos para conhecer mais profundamente a cidade. Esta decisão tinha sido previamente planeada e organizada em Portugal e, por isso, tivemos o privilégio de ser acompanhados por uma guia turística e pelo seu motorista cujos nomes, lamentavelmente não registámos e consequentemente não me recordo.

A visita aos principais templos Budistas começou pelo Wat Traimit. Este templo acolhe um Buda em ouro maciço de aproximadamente 5,5 toneladas, que foi descoberto acidentalmente. Tem cerca de 3 metros de altura e, tanto o interior como exterior do templo, estão minuciosamente ornamentados.

A paragem seguinte foi no templo de Wat Pho que significa “Templo do Buda Deitado”. Este templo está localizado no centro da cidade e ao lado do Grand Palace que, durante cerca de 150 anos, foi a residência oficial da família real tailandesa. O templo é grande e, como o próprio nome indica, nele encontra-se um Buda que está deitado. Tem 46 metros de comprimento, 15 de altura e está uma vez mais revestido em ouro. É de facto muito grande e, dada a posição da imagem e a quantidade de pessoas que circulam no espaço, a tarefa para obter uma fotografia minimamente aprazível torna-se bastante complexa e morosa.


O som do interior do templo é diferente. No imediato não conseguimos perceber a sua origem mas, contornando o Buda, encontramos 108 recipientes em bronze que emitem o eco das moedas a cair no seu interior. Segundo a lenda, o número 108 representa as 108 ações positivas que levaram o Buda à perfeição. Na realidade, por 20 bahts o templo “oferece” as 108 moedas, uma para cada recipiente, para os crentes fazerem as suas orações e aproximarem-se também da perfeição.

Existem várias imagens do Buda, ora sentado ora deitado ou em pé, ora sério ora sorridente. Este é um tema bastante mais complexo mas que, de uma forma bem resumida, ilustram as diferentes fases da vida do Buda e cujo simbolismo é transportado pelos crentes para as suas próprias vidas.

Neste templo também estão localizadas as pirâmides dos reis que simbolizam unitariamente os membros da família real tailandesa e inúmeros espaços dedicados exclusivamente à oração. O espaço é realmente enorme, carregado de simbolismo e meditação que, apesar da quantidade de pessoas no interior, não reflete o caos que é a capital.

A última paragem foi no templo Wat Benchamabophit também localizado no centro da capital. Este templo é conhecido como Templo de Mármore e está representado nas moedas de 5 baht. Sobressai a arquitetura típica do país – os telhados sobrepostos, as janelas altas e o inevitável mármore branco. Por aqui encontrámos muito menos pessoas, mas curiosamente foi o espaço onde encontrámos mais monges em oração. No interior está mais uma imagem do Buda de estilo Sukhothai, que se chama Phra Buddhajinaraja, e por baixo estão as cinzas do rei Chulalongkorn. Na galeria exterior encontram-se expostas mais 52 imagens de Buda, simbolicamente diferentes.

A visita aos principais templos da cidade tinha terminado e estávamos próximos da hora do almoço. Aproveitámos a oportunidade para fazer algumas perguntas e receber mais sugestões para preencher a nossa tarde, já que a partir daí estaríamos de novo por nossa conta. Além disso e como bons portugueses, “foi a deixa” para pedir boleia até à próxima paragem.

Pad Thai foi a nossa refeição e é talvez o prato mais típico da gastronomia tailandesa. O prato é composto essencialmente por noodles misturados num wok bem quente, com rebentos de soja, camarão, ovo, cebola e alho, temperado com molho de soja, açúcar e malaguetas. Sim, é um prato picante mas diria que foram os rebentos de soja que, por nunca ter comido, à primeira garfada me causaram mais confusão.

Ainda relativamente à gastronomia, confirmo a existência de iguarias diferentes daquilo a que estamos habituados. As montras são variadas e para quem gosta de experimentar coisas diferentes, certamente valerá a pena.

As horas seguintes foram passadas na rua, deambulando por Khaosan Road. Pelo caminho ainda encontrámos um mega café (Segafredo Zanetti Café Bangkok) e, claro que, esta foi a paragem obrigatória. Andámos durante 2 ou 3 horas e podemos concluir que o transporte mais popular é talvez a moto. Existem imensas e facilitam bastante a vida aos habitantes da cidade. Em “Dicas & Curiosidades” partilharei algumas observações que fomos retendo quanto aos transportes utilizados pelos tailandeses.

Khaosan Road é uma zona tipicamente turística e portanto bastante movimentada. Existe um pouco de tudo: hotéis, agências de viagem, lavandarias, bares e restaurantes, lojas de vestuário e calçado, até as famosas e baratíssimas massagens tailandesas. Conseguimos encontrar um pouco de tudo num espaço tão reduzido. Foi também nesta rua que encontrámos os famosos insetos fritos, mas não tivemos coragem para experimentar.

O regresso foi realizado nos famosos Tuk Tuk e diga-se foi uma experiência indescritível. Para nós esta já não era uma experiência nova, contudo esquecemo-nos que as circunstâncias eram diferentes. Na Tailândia quase tudo é negociável (em “Dicas & Curiosidades” também falarei sobre este assunto) e neste caso o transporte também não foi exceção. Antes de entrar informámos para onde queríamos ir e perguntámos quanto custava este transporte. Claro que contestámos e apresentámos uma contraproposta, que consequentemente o senhor não aceitou. Virámos costas e de imediato tínhamos o senhor ao nosso lado a dizer que nos levava, mas notoriamente zangado. Só mais tarde entendemos a situação – estávamos precisamente do lado oposto da cidade, o senhor não sabia exatamente onde ficava o hotel (ainda teve que perguntar) e o trânsito àquela hora estava efetivamente caótico. A chegada ao hotel deu-se passadas talvez 2 horas. Claro que a meio do trajeto tomámos consciência de toda a situação e acabámos por retribuir de forma mais justa.

Depois de jantar saímos de novo. Desta vez iríamos conhecer a agitadíssima vida noturna de Banguecoque e ver a cidade daquele que é talvez o ponto mais alto da cidade – o edifício “Lebua Hotels & Resorts“. Não sei exatamente a dimensão do edifício mas nós subimos até ao 63º andar, contudo no 65º andar ainda existe o luxuoso restaurante Mezzaluna. No 63º andar existe o Sky Bar e o restaurante Sirocco. Ficámos pelo Sky Bar, onde a vista sobre Banguecoque é maravilhosa – a cidade perde-se de vista. Para subir não é necessário qualquer pagamento mas existe um forte controlo e supervisão no rés-do-chão. Os nossos pertences ficaram num cacifo. Já lá em cima o consumo não é obrigatório. Caso se consuma, o custo não é propriamente barato, muito menos negociável. Por duas bebidas simples pagámos aproximadamente 10 euros, 400 baths.

Já cá em baixo e antes de regressar ao hotel, aproveitámos de novo para caminhar pela zona envolvente. O trajeto de ida e regresso foi feito de taxi.

By “Asia Web Direct”

Por visitar, ficou o mercado flutuante (“Floating Market”) que, atualmente e segundo informação, está muito focado nos turístas e com preços inflacionados, mas cuja essência é o abastecimento da população com produtos provenientes das culturas próprias dos seus produtores. Apesar de não termos tido oportunidade no nosso roteiro, é um programa a ser realizado pela manhã e de baixo custo (se negociado lá), que julgo ser um ponto de visita.

O dia seguinte foi essencialmente dedicado ao voo de Banguecoque para Phuket e à transferência para as incríveis ilhas Phi Phi.

View Point Phi Phi Island

A Tailândia é muito mais do que Banguecoque e tenho a certeza que muito ficou por conhecer. É um país onde a linguagem pode erguer muralhas, no entanto o sorriso do povo tailandês supera qualquer obstáculo. Pela diversidade, continua a ser um país a descobrir: pela cultura e gastronomia, pelas paisagens incrivelmente verdes e a agitadíssima vida urbana da capital, onde o estilo Budista profundamente enraizado enfrenta hoje os mais modernos avanços. Do ponto de vista turístico, a “terra dos sorrisos” é talvez o país mais atrativo do Sudoeste Asiático, fazendo deste destino a imagem perfeita para um postal tropical de sonho.

Leia mais em “Dicas & Curiosidades”.

Um pensamento sobre “Banguecoque

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