Visitei o Sri Lanka em lua-de-mel, a meado
s de Junho de 2014. Apesar do contexto ser bem atrativo (a lua-de-mel), a minha expectativa quanto ao país era mediana, ou seja, aceitei fazê-lo só porque o Magno tinha muito interesse em conhecer a cultura e toda a envolvência. Além disso, logo depois teria a recompensa (as Maldivas) onde poderia descansar e descontrair verdadeiramente. A verdade é que a minha rendição a este país foi quase imediata, ou por outras palavras, quase no mesmo dia.
Para enquadrar, o Sri Lanka é um país localizado um pouco abaixo da Índia, mais concretamente na costa sul da Índia, apenas separado pelo estreito de Palque. O nome Sri Lanka deriva do sânscrito Sri (venerado) e a Lanka (ilha). É uma ilha em forma de lágrima, cujo clima é verdadeiramente tropical (varia entre os 23ºC e 33ºC) e por isso considera-se que apenas tem 2 estações – a seca e a das chuvas.
Era a primeira vez que eu e o Magno visitávamos um país tropical e consequentemente a Ásia. Apesar de termos pesquisado alguma informação, não sabia muito bem o que nos esperava e muito menos o que íamos encontrar. Logo percebemos que havia muita coisa diferente e por isso… à que abrir a mente!
O voo foi no total de aproximadamente 12 horas, com duas escalas (em Lisboa e no Dubai) e a perda de um voo pelo meio (ler episodio em “Dicas & Curiosidades“), fora as 5 horas de escala no Dubai.
Chegámos por volta das 9 horas locais, estávamos cansados, mas à nossa espera estava um guia. Era um senhor com cerca de 60 anos e que se chamava Ananda. Como tínhamos perdido um dia da programação prevista, o Ananda refez o plano de forma a podermos ainda rever algumas coisas que tinham sido planeadas para o dia anterior, tentando não prejudicar também aquele e os próximos dias. Assim, pelo caminho fomos fazendo as paragens necessárias, incluindo as paragens para as respetivas refeições.
O clima foi o primeiro impacto. Quando saímos para o exterior do aeroporto internacional de Colombo (a capital do Sri Lanka) que era climatizado, senti que a minha respiração levou uma “bofetada”. O ar quente e extremamente húmido entrou nos pulmões de tal forma que parecia que ia sufocar. Imediatamente comecei a transpirar, ao ponto de deixar uma blusa leve e cabeada completamente encharcada. Associado ao calor húmido estava o cheiro intenso e adocicado que se sentia no ar, mas que devo dizer, me agradou.
O segundo impacto foi a condução. O trânsito é indescritivelmente intenso e barulhento. As regras de trânsito são praticamente inexistentes ou se há, ninguém as cumpre. Se existe 1 faixa de rodagem em cada sentido, rapidamente se pode transformar em 3, basta ter espaço. Qualquer veículo ultrapassa em qualquer sítio, até em linhas duplas. Os cruzamentos são o “salve-se quem puder”. Tentar chegar ao outro lado da via a pé é extremamente p
erigoso e esqueçam as passadeiras – estão lá mas na realidade ninguém as respeita. A quantidade de motociclos existentes nas ruas, que “esperneiam” por qualquer frincha encontrada, é absolutamente surreal. Apesar de muitas vezes ter sentido arrepios durante as inúmeras viagens, segundo o Ananda e por incrível que pareça, os acidentes são raros e facto é, que não vimos um único! A condução é à direita. Fica o registo: conduzir nestes países é a verdadeira aventura.
Polonnaruwa foi uma das primeiras paragens. É uma cidade em ruínas onde ainda se evidenciavam as ruínas do palácio real e a “Gal Viharaya” o anfiteatro, as “câmaras de concelho”, locais de culto como o Templo de Shiva, Lankathilake, Watadage, Galpotha, Kiri Vehera e as ruínas do antigo templo Tooth Relic. À primeira vista e sem qualquer explicação, estes templos parecem um “monte de pedras” mas na realidade ficou bem percetível o simbolismo que representam para a população. São locais de tranquilidade, paz e respeito, onde o silêncio predomina.
Em todos os templos, foi sempre necessário retirar o calçado e ter algum cuidado na forma como nos apresentávamos, evitando os joelhos e os ombros descobertos. A sensação de leveza que se sente é incrível. Este foi mais um grande impacto, para o qual também não estávamos familiarizados.
Foi também neste templo sagrado que tivemos o nosso primeiro contacto com macacos no estado mais natural. Como já era de esperar, eram ariscos e estavam por todo lado, por isso, foi impossível não darmos por eles!
Após a visita, retomámos a viagem para o hotel e foi neste instante que percebi que já tínhamos percorrido metade do país. Pelo caminho ainda tivemos a oportunidade de contactar com uma manada de elefantes selvagens que percorriam de forma natural a selva. Tivemos oportunidade de sair novamente do carro e de nos aproximarmos. Fomos alertados para determinados aspetos que nos poderiam colocar em perigo. Não nos podíamos esquecer que se tratavam de animais selvagens que, se sentissem ameaçados, facilmente seríamos um alvo a abater… Não, este não era de todo o cenário que nos interessasse!
O dia seguinte começou bem cedo com partida para Sigiriya. O Ananda veio buscar-nos por volta das 7h30 porque às 8h já se impunha a subida à Fortaleza da Rocha (Lion Rock), um palácio mandado construir pelo rei Kashyapa no século V.
Este ponto histórico está localizado a 200 metros de altura, e pelo caminho existem várias grutas, gravadas com pinturas e os famosos frescos “das virgens celestes”. Do topo avista-se a selva, o som do vento é ensurdecedor, mas a paisagem é absolutamente deslumbrante.
A viagem prosseguiu em direção a Dambulla. Pelo caminho ainda tivemos direito a uma aula de culinária, onde as especiarias eram o elemento principal. Estávamos no Jardim das especiarias, em Matale. Aqui tivemos também direito a desfrutar de uma massagem com óleos aromáticos na cabeça e ombros. Que pequena maravilha….
Chegados a Dambulla, visitámos o Templo de Dambulla escavado na rocha, considerado património mundial desde 1991 e que foi mandado construir pelo rei Walagambahu no século I AC.
Este templo possui cerca de 2000 metros de pinturas nas paredes e mais de 150 imagens de Budha, tendo a maior 14 metros, que está também cravada na rocha.
A próxima paragem foi em Kandy, a segunda maior cidade do país onde moram mais de 3 milhões de pessoas. Em Kandy, visitámos o Templo sagrado “Relíquia do dente“, onde milhares de pessoas vão anualmente em peregrinação.
O jardim botânico em Peradeniya, em Kandy, foi mais uma paragem mas desta vez para um merecido descanso. É um local com cerca de 147 hectares, onde se pode observar uma incrível variedade policromática de plantas e flores, morcegos de dimensões assustadoras e esquilos que diga-se, estão por todo o lado. Seguiu-se um passeio em Trishaw, os famosos Tuk Tuk, onde podemos passar pelo Campus Universitário de Kandy.
O Sri Lanka tem cerca de 20 milhões de habitantes e, apesar de ser considerado um país pobre, 99% dos habitantes sabe ler e escrever. A educação, incluindo o ensino superior, e a saúde são gratuitas. As crianças utilizam uniformes fornecidos gratuitamente pelo estado. A cor branca desses uniformes faz sobressair a cor da pele que é em tons de mel. A forma como estes “bichos carpinteiros” se vestiam e saltitavam no meio do arvoredo, compunha um quadro maravilhoso.
Nos arredores de Kandy ainda houve oportunidade de visitar duas fábricas, uma de jóias outra de tecidos e artesanato local. O final do dia foi no Centro Cultural de Kandy. Tivemos oportunidade de assistir a um espetáculo de danças tradicionais, onde era evidente a indumentária e a gastronomia do país.
Em Pilimatalawa, tivemos oportunidade de ver uma plantação e produção de chá, que também é bastante famosa no país. Contactámos com as mulheres que simpaticamente executam este trabalho. As folhas das plantas são atiradas para as costas, que agilmente caem dentro de cestos ou sacos, presos com cordas nas cabeças destas senhoras. É sem dúvida um trabalho minucioso e duro, mas o quadro da paisagem é absolutamente soberbo e de obrigatória partilhar.
Em Pinnawala podemos entrar num orfanato de elefantes. Este centro foi inaugurado em 1975, com 7 elementos, sendo que a primeira cria nasceu em 1984. Atualmente, alberga cerca de 80 elefantes que crescem de forma monitorizada e natural nas redondezas do parque.
A visão que ainda hoje está na memória é tão natural que não consigo esquecer: o Ananda levou-nos até às margens de um rio e, quando terminámos a descida, surge ao fundo a manada que se banhava, brincava e interagia de forma absolutamente natural com a natureza. Ficámos ali sentados durante bastante tempo, nem consigo precisar quanto, e o Ananda alinhou, não impondo limites, ficando connosco. Sem dúvida um dos pontos mais bonitos da viagem.
Antes de ir embora ainda tivemos oportunidade de ver o que é possível fazer com os excrementos dos elefantes – folhas de papel, cadernos, calendários, esculturas… é absolutamente incrível e inimaginável.
O dia seguinte seria pela capital, Colombo, onde tivemos oportunidade de visitar alguns pontos históricos, como as assembleias, alguns edifícios governamentais e coloniais, estes últimos construídos pelos ingleses. Houve também oportunidade de visitar o bazar Pettah e os Templos Hindu e Budista da cidade.
Mais tarde o Ananda levou-nos ao aeroporto e à nossa espera estava mais uma pequena aventura, digna de um filme cómico (ler episódio aqui).
Em jeito de conclusão, diria que a capital resume um pouco aquilo que é o país: imponente e de contrastes – ora organizada, ora desorganizada, ora limpa ora suja, ora rica ora pobre. Na memória fica uma boa recordação e uma imagem completamente diferente da inicial. Senti respeito e um orgulho bastante grande por parte das pessoas que nele habitam. Uma cultura diferente, mas que me abriu a mente e a vontade de querer conhecer mais sobre a Ásia, algo que continuo sem saber explicar… mas sem medo do que possa encontrar.
“It is a place where the original soul of Buddhism still flourishes and where nature’s beauty remains abundant and unspoilt.”
(“É um lugar onde a alma original do budismo ainda floresce e onde a beleza da natureza permanece abundante e intacta.”)
Nota: Em “Dicas & Curiosidades” é possível ainda encontrar mais alguns apontamentos e pequenas histórias desta viagem. Veja mais aqui.


















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